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quinta-feira, 13 de novembro de 2014

O PAI DA FELICIDADE

           Aquela moça que conheci nos bancos da universidade me dizia algo que me deixava pensativa, colocando em impacto meus pensamentos e sentimentos. Pensava que talvez por eu ser do interior e ela da capital  poderia estar mais certa do que eu. Inocência e imaturidade. Mas a maneira como ela colocava suas idéias era quase convincente. Quase porque sempre fui avessa aos modismos extremos, esses que fogem para muito longe de um mundo dito normal. Não que eu não tivesse uma certa queda pelo extraordinário, mas havia a bendita consciência que não me deixava expandir para além de minha educação muito formal. Eram os parâmetros ditados por meus pais que me paralisavam muitas e muitas vezes. Se isso foi bom ou ruim hoje eu não sei, só sei que deixei de aproveitar e de viver mais intensamente minha adolescência quase adulta.
      Pois aquela garota sentava na classe ao meu lado, e no intervalo entre uma aula e outra, conversávamos. Ela me dizia que jamais iria se casar e se tornar uma dessas “amélias”, que cuidam da casa, lavam fraldas (nos anos 80 ainda eram mais usadas as fraldas laváveis), suportam marido e se tornam velhas e acabadas entre quatro paredes. Queria se vestir bem, ir a festas, passear, conhecer sempre novas pessoas e viajar pelo mundo afora conhecendo os continentes, os costumes dos povos e a língua de cada um. Isso sim era felicidade, me dizia. Sem raízes, sem compromissos, sem alguém pegando no pé. Liberdade total. Na verdade, a profissão que estávamos conhecendo era bem propícia a esse tipo de vida: fazíamos a Faculdade de Jornalismo.
      Pois bem, ela assim o fez. E quando eu tinha notícias de minha colega, já sabia que lá estava ela, sempre em um lugar diferente, nunca fixando residência em parte alguma, e solteiríssima, sem fixar também seus sentimentos.
      Rodou o mundo, gozou de liberdade e de prazeres.
      Mas o tempo passou.
      Dia destes, na Feira do Livro de Porto Alegre, a encontrei. Não sei como a reconheci, de tão diferente que estava. Triste, com ar melancólico, se queixou de enorme solidão.
       Minha ex colega ficou na exterioridade da vida, na ilusão. Nunca desenvolveu relacionamentos profundos, não casou, não teve filhos e também não conquistou amizades verdadeiras. E então ela me disse que melhor seria se tivesse tido grandes amigos, fosse mãe ou amasse de verdade.
      E sendo assim, pude entender, em um relance, que o AMOR é o pai da FELICIDADE. Olhei para o alto e agradeci a Deus por minha humilde vida!

                                FATIMA MARDINI

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