A
INUTILIDADE E A VIDA
Assim como o crepúsculo que
adormece o dia, e de mansinho vai tirando o colorido da natureza, fazendo com
que nos voltemos para as outras belezas, as quais nem sempre enxergamos, assim
é a nossa vida.
Nascemos, crescemos, viramos
adolescentes ou “aborrecentes”, adultos e chega lá um dia que, apesar de ser
difícil de encarar, envelhecemos. Perdemos a beleza exterior ( chega uma hora
que nem o Pitangui ajuda), perdemos a vitalidade, começamos a cansar, nem sempre
podemos efetuar tarefas que fazíamos com a maior desenvoltura, enfim, temos
limites impostos pela própria marcha da criação. Muitos estão despreparados para esse tempo.
Tempo em que passamos a recordar o
passado, lembrar das coisas que fizemos e das que não fizemos também, deixando
um ar de tristeza. Lembrar das pessoas que amamos e das que podíamos ter amado,
mas que deixamos para lá. Nos arrependemos de muitas atitudes e rimos à toa com
tantas outras situações que passamos.
Um tempo só nosso em que os jovens nos
esquecem, porque já não temos mais a vitalidade da juventude e a distância das
gerações se torna um imenso vazio. Temos poucas amizades, porque essa morada
não é eterna e muitos amigos já se despediram...
Enfim, envelhecemos, e conosco permanece
uma lista sem fim de inutilidades. Todos se afastam e quem permanece, é somente
quem nos ama, conhece e valoriza. Somos o que somos, não apenas essa imagem que
se torna pequena a cada dia que passa, mas principalmente somos a soma de uma
vida de atitudes boas ou más. De vivências, boas ou más. Talvez vamos colher o
que plantamos, talvez não. Não importa.
O que realmente importa é aquilo que
conservamos lá dentro de nós; a nossa paz, o nosso amor por nós mesmos, pelas
pessoas, enfim, a nossa experiência nesse plano terra. E ai então, vamos rezar,
rezar muito, para que as pessoas que amamos permaneçam bem juntinho de nós!
E que, apesar de nossa inutilidade, como
diz o Padre Fábio de Mello, valorizam a nossa essência!
Que
saibamos enxergar com olhos de artista todas as belezas que há por detrás do
olhar daquele que, no momento, está passando pelo crepúsculo da vida!
FATIMA MARDINI
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